A invasão da Ucrânia pela Rússia é a maior operação militar na Europa desde a Segunda Guerra Mundial, segundo análise publicada pelo Valor Econômico. O texto de Humberto Saccomandi afirma que o acontecimento é possivelmente o mais importante desde o fim da União Soviética. O temor do mercado financeiro é de que o conflito ameace a ordem mundial estabelecida após a Guerra Fria.
O presidente russo Vladimir Putin ameaçou, em nota, retaliação severa às nações que tentem intervir no conflito. Segundo o noticiário internacional, EUA e países do G7 e membros da Otan devem anunciar sanções mais severas à Rússia, mas ainda não possuem planos de intervir diretamente.
A análise do Valor acredita que as implicações serão gravíssimas, com Estados Unidos e seus aliados (principalmente União Europeia, Reino Unido, Japão, Austrália e Canadá) adotando sanções muito severas e possivelmente cortando completamente relações comerciais e financeiras com a Rússia, além de retirar o sistema financeiro do país do mecanismo financeiro global, que é controlado pelo Ocidente.
No campo das commodities, a Alemanha congelou a parceria com o gasoduto NordStream 2, que ampliaria o fornecimento de gás russo para o mercado europeu. A situação pode agravar a crise energética na Europa e obrigar um rearranjo global dos suprimentos de energia.
A crise deve aumentar o preço dos combustíveis como gás e petróleo – o último, já ultrapassando o valor histórico de US$ 100 dólares o barril. A Rússia é uma das maiores fornecedoras globais do combustível.
Uma reportagem do Valor Investe lembrou que, com a crise, o potencial de crescimento econômico global diminui e que, além disso, a China, por ser principal aliada da Rússia, pode erguer barreiras econômicas contra os Estados Unidos e seus aliados.
Com a iminência de uma guerra, produtores remarcam preços e consumidores estocam produtos. Com isso, os bancos centrais de todo o mundo tentam domar a inflação com aumento de juros – algo que deve ser feito em breve nos EUA – como vem sendo sinalizado pelo Federal Reserve – e já foi feito no Brasil, que atualmente opera com a taxa Selic em 10,75%.
Com toda essa incerteza, a reportagem afirma que muito capital estrangeiro deve ser direcionado à “velha economia”, como ações de exportadores de commodities e de grandes bancos. “As pessoas tendem a correr para ações de empresas com histórico sólido, seguro, com sua dinâmica de funcionamento mais bem conhecida em diversas crises”, afirmou à reportagem Fernando Bresciani, analista de investimentos do Andbank Brasil.
Mas Bresciani lembrou que os juros têm dois lados: se subirem, bem, mas se subirem muito, mal, pois isso pode implicar em menos crescimento econômico e consequente aumento da inadimplência.
Imediatamente, o brasileiro já deve sentir a crise no bolso, uma vez que a Petrobras pratica uma política internacionalizada de preços dos combustíveis. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, os preços dos alimentos também podem aumentar, já que a Ucrânia fornece milho e trigo globalmente, enquanto as safras do Brasil vêm sendo prejudicadas pelo mau tempo.
Nesta quinta-feira (24), ações globais e até títulos do Tesouro americano despencaram, enquanto as cotações do dólar, ouro e petróleo dispararam. A moeda russa, o rublo, caiu quase 8%, mesmo com a pausa na bolsa russa pelo banco central do país. Foi o patamar mais baixo já registrado da moeda.
A crise atingiu até mesmo as criptomoedas, com o bitcoin caindo e ficando abaixo dos US$ 35.000 dólares pela primeira vez em um mês.
A reportagem da Folha aposta em uma alta do dólar impulsionada pela busca global por ativos de segurança, o que deve refletir na indústria e em outros mercados brasileiros.
O jornal lembrou que o impacto do conflito sobre a confiança econômica pode ser grande e se estender ao menos por alguns meses, o que se refletiria na redução das perspectivas de crescimento econômico, com empresários e investidores adiando novos projetos e diminuindo as ofertas de emprego.
Com informações de Money Now News