Turismo na favela

Na semana em que o Conselho de Ética engavetou a segunda denúncia para investigar Aécio Neves pela quebra de decoro parlamentar, pelo recebimento de propina de 2 milhões de reais.Em que a Câmara dos Deputados rejeitou o prosseguimento da  segunda denúncia contra o Presidente Michel Temer e seus dois ministros, no Rio de Janeiro, uma turista portuguesa foi executada, por engano, enquanto realizava turismo na favela.

Como entender que 78% dos turistas que visitam o Rio de Janeiro tenham preferência pelo   turismo mórbido de visitar uma favela.O antropólogo Joãozinho 30 já explicava: “Quem gosta de miséria é intelectual, pobre gosta de luxo”.

Como compreender o  fascínio com que os  nossos  morros mal vestidos,  exercem sobre esses estrangeiros  malucos, que cultuam a miséria e pagam para ver crianças brincando no meio da sarjeta, com esgoto correndo a céu aberto.

É claro que há poesia no morro. Agora transformar as favelas, em verdadeiros Zoológicos, onde os gringos, com suas câmeras fotográficas de ultima geração registram a miséria de um povo, é algo incompreensível, indigno e degradante.Que esse tipo de turismo seja promovido pelo poder público é ainda mais vergonhoso.

Para os gringos pode até parecer emocionante essa aventura radical. Circular entre balas perdidas,  ser assaltado,  fazer selfies com brasileiros pobres para publicar nas redes sociais, mas que é bizarro é.

Enquanto cresce este segmento das favelas  turísticas, o que aconteceu com a turista portuguesa que veio fotografar a miséria dos cariocas, faz parte do pacote. Deu no que deu. Que essa tragédia sirva de lição, para quem acha que a miséria se presta para ser exposta e apreciada. Como diz o ditado: “Quem brinca com fogo, pode se queimar”.