Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, respectivamente, mãe e mulher do capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, tido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como uma das lideranças do “Escritório do Crime” e um dos suspeitos de envolvimento no assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, em 14 de março de 2018, trabalharam no gabinete do então deputado estadual Flávio na Assembleia Legislativa do Rio.
Adriano, que está foragido, foi um dos alvos da “Operação Intocáveis”, realizada nesta terça-feira,22, por uma força-tarefa da Polícia Civil e do Ministério Público. Foram presos cinco suspeitos de integrar a milícia que agia nas comunidades de Rio das Pedras e Muzema. Além do suposto envolvimento no assassinato de Marielle e Anderson, o grupo é acusado de extorsão de moradores e comerciantes, agiotagem, pagamento de propina e grilagem de terras.
Flávio Bolsonaro atribui a responsabilidade pelas nomeações a seu ex-assessor parlamentar, Fabrício Queiróz, que está sendo investigado pelo Ministério Público do Rio de janeiro, pela movimentação bancária 1,2 milhões de reais, “incompatível com seu patrimônio”, entre 2016 e 2017
Curiosamente, Raimunda Vera Magalhães, a mãe do capitão foragido aparece no relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como responsável por depósitos na “atípica” conta de Fabrício Queiróz. As duas mulheres foram exoneradas do gabinete de Flávio Bolsonaro em 13 de novembro, segundo o Diário Oficial.
Em entrevista concedida à Bloomberg, em Davos, na Suíça, o presidente Jair Bolsonaro havia dito que “se por caso ele (Flávio) errou e isso for provado, lamento como pai, mas ele terá de pagar o preço por esses atos que não podemos aceitar”.
Já na quarta-feira,23, em uma entrevista exclusiva à Record o presidente saiu em defesa do filho ao afirmar que a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro seria para atingi-lo. “Acredito nele. A pressão em cima dele é para tentar me atingir. Ele tem explicado tudo o que acontece com essas acusações infundadas, que teve sim seu sigilo quebrado”, disse Bolsonaro. “Não é justo atingir o garoto, fazer o que estão fazendo com ele para tentar me atingir”.
Flávio é investigado pelo MP-RJ. O deputado estadual é citado em relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) por duas movimentações financeiras identificadas como atípicas:
Pagamento de 1 título bancário á Caixa Econômica Federal de mais de 1 milhão de reais e 48 depósitos de R$ 2.000 reais, em espécie, de 09 a 13 de junho de 2017. Flávio Bolsonaro explicou que as transações de referem a uma operação com imóveis.
O MP-RJ também investiga movimentação atípica de Queiróz de R$ 7 milhões de reais em 3 anos.
Homenagens
Os dois principais alvos da “Operação Intocáveis”, o ex-capitão do Bope Adriano Magalhães da Nóbrega e o major da PM Ronald Paulo Alves Pereira, foram homenageados, em 2003 e 2004, na Assembleia Legislativa do Rio por indicação do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Adriano, chegou a receber a medalha Tiradentes, a mais alta honraria do Legislativo fluminense. Ronald, ganhou a moção honrosa quando já era investigado como um dos autores de uma chacina de cinco jovens na antiga boate Via Show, em 2003, na Baixada Fluminense. Os dois são suspeitos de integrar o Escritório do Crime, um grupo de extermínio que estaria envolvido no assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL).
Em uma das homenagens Flavio Bolsonaro destaca os “inúmeros serviços prestados à sociedade” pelo ex-capitão Adriano Magalhães e não poupa elogios à atuação do militar: “Imbuído de espírito comunitário, o que sempre pautou sua vida profissional, atua no cumprimento do seu dever de policial militar no atendimento ao cidadão. É com sentimento de orgulho e satisfação que presto esta homenagem”, destacou.
Em nota, Flávio Bolsonaro justificou as homenagens aos militares afirmando que sempre atuou na defesa de agentes de segurança pública e que já concedeu centenas de homenagens semelhantes.
Com informações: O Globo, El país e Extra Digital
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