Queda de braço entre o Senado e o Supremo. Tudo porque a primeira Turma do STF decidiu afastar Aécio Neves. E proibiu o tucano de sair de casa à noite.
Por maioria, os magistrados entenderam que Aécio usou o mandato para tentar atrapalhar as investigações da Lava-Jato.
Mas a decisão foi questionada no Senado. Os parlamentares que defendem o tucano citam o artigo 53 da Constituição, que determina que membros do Congresso não podem ser presos, a não ser em flagrante e por crime inafiançável.
Os poucos senadores que apoiam o cumprimento da decisão citam o artigo 319 do Código de Processo Penal, que afirma que o recolhimento domiciliar noturno não é prisão.
E pasmem: o tucano flagrado em gravações pedindo 2 milhões para Joesley, se tornou o símbolo do parlamentar injustiçado, perseguido pelo Ministério Público e pelo Judiciário. Até o PT divulgou nota de apoio à anulação da decisão.
Aécio conta, é claro, com a solidariedade de outros Senadores investigados pela Lava Jato. Pelo presidente Michel Temer e sua tropa de choque, de quem ele é aliado para barrar a denúncia encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça, na Câmara dos Deputados.
Numa absoluta inversão de valores, Aécio virou herói do Congresso Nacional. Na terça-feira, o Senado pretende derrubar a decisão do Supremo. E até lá os senadores são todos Aécio.