A 65ª Feira do Livro de Porto Alegre terá a participação de uma publicação, no mínimo, inusitada. REVELAÇÕES DO IMAGINÁRIO MÁGICO é um livro de contos de ficção e fantasia, recuperados de uma página da Internet hoje descontinuada – A Existência Virtual.
Publicada pela primeira vez em dezembro de 2005, a Existência Virtual desapareceu em 2012, quando a plataforma onde se encontrava hospedada foi extinta. Foram necessários cinco anos de intensas buscas para que o autor, o jornalista e produtor eletrônico Valério Azevedo, resgatasse de discos rígidos avariados, disquetes obsoletos e velhos CDs, boa parte das publicações perdidas. Agora, as histórias da Existência Virtual estão de volta em livro impresso.
REVELAÇÕES DO IMAGINÁRIO MÁGICO é um livro de ficção e temas variados, que vão da imortalidade à vida após a morte, da origem da humanidade à capacidade do homem de clonar a si mesmo, passando pela hipótese extraterrestre, pelos mistérios que envolvem as sociedades secretas e pela convivência de humanos com robôs. Seu conteúdo se baseia em lendas e fábulas que atravessaram os séculos, e são interpretadas de forma de estimular a curiosidade do leitor. Muitos dos protagonistas do livro foram inspirados por personagens reais, como o explorador inglês Richard Francis Burton, o clarividente Charles Webster Leadbeater, o sufi Nasrudin e algumas figuras bíblicas. No entanto, “a ideia do livro é provocar a controvérsia”, destaca o autor. E com isso estimular a busca por respostas, aumentando o tempo de permanência dos leitores nas livrarias e bibliotecas.
Ao longo dos anos em que esteve ativa, a Existência Virtual manteve um acervo de cerca de trezentas publicações, entre textos, fotografias, vídeos, arquivos sonoros e ligações para páginas de temas semelhantes. Com a desativação dos servidores onde a Existência Virtual se encontrava hospedada, as publicações ali armazenadas se perderam e somente agora puderam ser recuperadas. “Foi necessário um esforço de arqueologia cibernética no qual foram empregados programas de busca e recuperação de informações”, comenta o jornalista.
REVELAÇÕES DO IMAGINÁRIO MÁGICO se encontra à venda na Livraria Palmarinca livrariapalmarinca@gmail.com – Tel.: (51) 3225-2577
Rua Gerônimo Coelho, 281 – CEP 90010-241
O lançamento acontece no sábado 9 de novembro, às 14hs, na sala O Retrato da Casa de Cultura Érico Veríssimo – Rua dos Andradas 1223, Centro Histórico de Porto Alegre.
SOBRE O AUTOR
Valério Azevedo nasceu na segunda metade do Século XX. O autor é, portanto, um baby-boomer. Cresceu assistindo televisão. Aos nove anos acompanhou, ao vivo, o homem caminhar pela primeira vez na superfície da Lua, porém sem cores. Há esse tempo, seriados de TV mostravam viajantes do espaço, do tempo, e do fundo do mar, combatendo monstros ameaçadores. Somente em 1973 a televisão no Brasil ganhou cores e ele passou a ver, sem assombro, negras silhuetas contra o céu azul despejarem a morte sobre a Indochina. Nessa época havia na casa dos seus avós um telefone que ele nunca usou.
Anos mais tarde, em seu primeiro emprego, Valério conheceu o videoteipe. Invento extraordinário, que aprimorou a manipulação de imagens e sons, causando na narrativa audiovisual um sentimento algo instantâneo e urgente, e apaixonou-se por essa ideia. Pouco depois apareceram os primeiros computadores pessoais. Eles poderiam facilmente substituir máquinas de escrever e pilhas de papel, mas o autor os percebia apenas como brinquedos. Ele jogava xadrez com um deles e, em sua esverdeada tela de fósforo, encontrou inspiração para começar a escrever ficção.
Com a chegada no Brasil do telefone celular e da rede mundial de computadores, em princípios dos anos 1990, as conexões se intensificaram incrivelmente. Ao mesmo tempo, a passagem de registros analógicos para digitais alterou de forma decisiva o modo de se produzir informação. Pouco depois da virada do milênio, o advento das redes sociais da internet foi o golpe de misericórdia na elaboração regulamentar de informações.
Para o autor de Revelações do Imaginário Mágico, “agora que os telefones fazem tudo, e até transmitem imagens e sons ao vivo, cada pessoa já pode se ocupar de espalhar sua precária e angustiada verdade, que a seguir se dissolverá como os entressonhos do alvorecer”. E conclui: “então, decidi retornar ao papel impresso. Conforta-me a sensação do livro nas mãos e a ausência da barra de rolagem”.