A revelação de mensagens sobre um plano de negócios com palestras e eventos do procurador Deltan Dallagnol para lucrar com a fama e contatos obtidos durante a Lava Jato levou partidos de esquerda a entrarem com um novo pedido de punição dele no CNMP (Conselho Nacional do Ministério Pùblico).
Mensagens obtidas pelo The Intercept Brasil e analisadas em conjunto com a Folha revelaram neste final de semana, que Deltan articulou com um colega da Lava Jato a constituição de uma empresa na qual eles não apareceriam formalmente como sócios, para evitar questionamentos legais e críticas.
Com a boca na botija
A justificativa da iniciativa foi apresentada por Deltan em um diálogo com a mulher dele. “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, escreveu.
Os procuradores cogitaram ainda uma estratégia para criar um instituto e obter elevados cachês. “Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”, comentou Deltan no grupo com um integrante da força-tarefa.
A lei proíbe que procuradores gerenciem empresas e permite que essas autoridades apenas sejam sócios ou acionistas de companhias.
Terrivelmente evangélico
No dia 28/07/2015 o colunista da Folha, Bernardo Mello Franco revelou uma “espécie” de sermão feito por Deltan Dallagnol em uma Igreja Batista na Tijuca, Rio de Janeiro, quando revelou que está participando de uma missão sagrada, conduzida por forças superiores. Deltan disse crer que Deus colabora com a Lava Jato, e afirmou: “Dentro da minha cosmovisão cristã, eu acredito que existe uma janela de oportunidade que Deus está dando para mudanças”.
Depois, Dallagnol pediu apoio para um abaixo-assinado favorável a um projeto de lei do Ministério Público que pede mudanças na lei contra corrupção.
Novo pedido de punição
As bancadas do PSOL e do PT na Câmara dos Deputados disseram que entrarão com reclamação disciplinar contra Deltan no CNMP.
“Devido às flagrantes ilegalidades, observa-se que valores e princípios básicos do Ministério Público foram quebrados com tais diálogos e iniciativas. Trata-se de um claro desvio de conduta e abuso ilegal de prerrogativas”, afirma nota do PSOL.
O Conselho Nacional do Ministério Público chegou a arquivar, no final de junho, uma investigação contra Deltan e demais procuradores da força-tarefa da Lava Jato, depois da revelação pelo Intercept de outras mensagens trocadas entre eles e com Sergio Moro, ex-juiz e atual ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PSL).
O “deslize” do coordenador da Lava Jato, em querer faturar com a fama adquirida pela Operação faz lembrar um pouco aquele episódio do rabino Henry Sobel, flagrado em um furto de gravatas em uma loja de Palm Beach, nos Estados Unidos, em 2007, na época o rabino desculpou-se com a Congregação Israelita paulista, da qual era membro emérito, afirmando que foi uma “falha moral”. Delton Dallagnol, por enquanto, nem isso.
Com Informações The intercept Brasil e Folha
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